Tem um nome difícil de pronunciar e a sua complexidade não se fica por aí… Falamos do Vírus Sincicial Respiratório – mais conhecido por VSR ou pela sua sigla em inglês: RSV , e é a principal causa de infeções respiratórias agudas das vias aéreas inferiores, nomeadamente bronquiolites e pneumonias.
É também a principal causa de hospitalização em crianças até aos 12 meses de idade, sendo que cerca de 90% das crianças até aos dois anos de idade serão infetadas com este vírus. Estima-se que tenha um impacto clínico, socioeconómico e emocional significativo que urge reduzir, com medidas preventivas eficazes e adequadas ao contexto nacional.
É importante saber que qualquer criança pode ser infetada por RSV. Embora a maioria dos casos de infeção seja considerada ligeira (semelhante a uma constipação), os pais devem conhecer e estar atentos aos sintomas que possam indicar infeção grave e quando é necessário procurar assistência médica pois, por vezes, o RSV pode também levar a infeções do trato respiratório inferior, tais como bronquiolite ou pneumonia.
Na realidade, o RSV é a principal causa de infeções do trato respiratório inferior em crianças com menos de um ano de idade. A maioria das crianças hospitalizadas devido ao RSV não tem outros problemas de saúde. Desta forma é difícil prever exatamente quais as crianças que ficarão gravemente doentes e como é que a doença irá evoluir.
Saiba que o RSV é facilmente transmitido através da tosse, espirros e contacto físico próximo.
Pode também permanecer em superfícies como brinquedos, berços e utensílios durante muitas horas, e transmitir-se caso as crianças toquem nos objetos contaminados com o vírus e depois levem as mãos aos olhos, nariz ou boca.
Desta forma, como pai/mãe, futuro/a pai/mãe, ou cuidador/a, conhecer o RSV irá ajudá-lo a agir adequadamente quando surgirem os primeiros sintomas e a procurar ajuda médica se necessário.
O RSV afeta sobretudo crianças até ao primeiro ano de vida e é uma das principais causas de hospitalização nesta idade.
De acordo com o estudo BARI, do total de 7.243 crianças hospitalizadas por RSV nos hospitais públicos no período avaliado (Novembro a Março das épocas de 2015/16 a 2017/2018) : 95% eram previamente saudáveis; 85% tinham menos de 12 meses e 67% menos de 6 meses; 72% foram casos graves (em que foi necessária a utilização de ventilação mecânica-invasiva ou não-invasiva e/ou oxigenoterapia); a mediana de dias de internamento foi de 5 dias.
A evidência mostra que o RSV afeta qualquer criança, independentemente da sua condição de saúde, e com um grau de gravidade imprevisível.
Infeções por RSV são uma enorme carga para o sistema de saúde.
O padrão de incidência sazonal (normalmente de outubro/novembro a abril/maio) característico do RSV é uma das principais causas da sobrecarga do sistema de saúde e dos profissionais, em específico na área pediátrica. Nos meses de inverno ocorre um pico de idas à urgência, consultas com o médico assistente e hospitalizações, que resultam num aumento da carga de trabalho, aumento dos níveis de stress e exaustão dos profissionais de saúde. Uma realidade que se traduz numa deterioração dos indicadores de qualidade de cuidados de saúde prestados, nomeadamente no aumento dos tempos de espera.
Segundo resultados do estudo BARI, o custo médio anual de hospitalizações causadas por infeção pelo RSV no SNS é de aproximadamente 2,4 milhões de euros (considerando as infeções potencialmente relacionadas com o RSV, este valor sobe para 5,1 milhões de euros). O custo médio por doente é de 1.004 euros.
Além disso, vários estudos têm demonstrado a associação entre infeções respiratórias agudas das vias aéreas inferiores por RSV na infância e o desenvolvimento de pieira recorrente e/ou asma, assim como um aumento significativo no uso de cuidados de saúde pelo menos até cinco anos após a infeção, independentemente da presença prévia de fatores de risco.
No que respeita às famílias, a infeção por RSV tem um elevado impacto, tanto a nível económico como emocional.
É por todo este impacto clínico, socioeconómico e também emocional – ainda assim subestimado – que se torna tão relevante a implementação de medidas preventivas contra a infeção pelo RSV, que permitam reduzir a sua carga e potenciar ganhos económicos e em saúde a longo prazo. Só o conhecimento do peso real das infeções por RSV em Portugal poderá permitir o desenvolvimento de estratégias de prevenção mais adequadas ao contexto português.
VigiRSV em marcha.
Seguindo as recomendações da OMS, Portugal foi um dos países pioneiros na implementação, em 2021, de um sistema de vigilância do RSV: o VigiRSV. Com foco nas crianças internadas com idade inferior a 24 meses, esta iniciativa – da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Pediatria e do INSA (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) – está já presente em 20 hospitais (dados de setembro de 2022) do setor público e privado, a nível nacional, pretendendo continuar a sua expansão de forma a permitir a recolha de dados fidedignos sobre a epidemiologia do RSV em Portugal.
O principal objetivo é o de obter dados concretos para uma real caracterização da patologia e do seu peso na população, permitindo o desenvolvimento de estratégias concretas de abordagem ao RSV e mitigando o seu impacto e a sua incidência
Dados preliminares da rede VigiRSV demonstram que 56% dos internamentos por RSV (agente viral confirmado por estudo virológico) aconteceram em lactentes com menos de 3 meses e que 87% eram crianças nascidas de termo (dados do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e outros Vírus Respiratórios da semana 18/2023).
Atualmente, não existe nenhum tratamento específico para o RSV. No entanto, existem novas soluções em fase avançada de investigação e com perspetiva de disponibilidade para breve, como os recentes desenvolvimentos de anticorpos monoclonais, que trazem uma nova esperança de prevenção na população pediátrica.
Entretanto, para ajudar a proteger as crianças contra o RSV, há alguns cuidados simples que pode adotar, tais como:
• Lavar frequentemente as mãos durante pelo menos 20 segundos;
• Desinfetar superfícies, brinquedos e utensílios;
• Tossir e espirrar para um lenço de papel ou interior do cotovelo;
• Manter a criança afastada de outras pessoas que possam estar doentes.
Para mais informações sobre o RSV sugerimos que fale com o seu médico assistente.
Adicionalmente poderá consultar a página JuntosContraoRSV.pt
Conteúdo editorial de Cláudia Brito Marques, Profissional no Jornalismo da Saúde.
Com o apoio da Sanofi.