Caso, inadvertidamente, se estimule muito o bebé dentro desta janela de sono (seja com agitação, brincadeiras, velocidade de movimentos, volume alto, gesticulação dos pais, muita luz, ou simplesmente tempo acordado etc.), estando ele já cansado, estes estímulos farão o bebé consumir mais rapidamente energia, fazendo-o ir do cansaço à exaustão em menos tempo. A exaustão num bebé apresenta-se como um total descontrolo dos movimentos inferiores e superiores o que o acelera para o choro. O bebé esbraceja, chora e não adormece, isto tudo porque ficou demasiado cansado antes mesmo de ter conseguido adormecer. Depois de entrar nesta espiral de choro, torna-se difícil conseguir sair dela, iniciando-se nesta altura o “ vale tudo” nos esforços dos pais para que o bebé durma, e o início dos hábitos comprometedores do sono.
De onde vem a ideia da luta contra o sono?
Os bebés não andam a organizar nenhum movimento revolucionário contra o sono. É importante que fique claro que o bebé não nasce com nenhuma opinião negativa acerca do sono, não tem razões para não gostar de dormir (pelo contrário!), apesar de esta ser uma ideia dominante no senso comum. No entanto, caso não sejam incutidos os hábitos mais adequados neste campo, caso o bebé seja privado da aprendizagem e consolidado na aprendizagem de adormecer autonomamente e de acalmar através de rituais proprios, sendo adormecido por indução ou com companhia de forma padronizada, é normal que com o passar do tempo se vá sentindo cada vez mais inseguro em relação ao sono. Uma coisa leva a outra e por ouvir os pais a afirmar que ele “não gosta de dormir”, será natural que o bebé, mais tarde criança, possa crescer com a ideia de que não gosta de dormir e se sinta inseguro para o fazer.
A ideia da “luta contra o sono” vem quando os pais observam que mesmo cheio de sono, no acto de ir dormir, o bebé agita-se fisicamente e chora ao mesmo tempo. Além de não se acalmar, não adormece e quando adormece, acorda passado muito pouco tempo, voltando tipicamente a chorar e a esbracejar ou a mexer-se, a sentar-se, a rebolar ou levantar-se (de acordo com a fase de desenvolvimento em que se encontra) – dando essa falsa noção de que não querer dormir, a falsa ideia de poderá estar a “lutar” contra o sono.( e isto excluindo outras razões de insegurança em bebés com idades mais próximas dos 7 meses e depois)
O que acontece é fácil de compreender:
Um bebé cansado é um bebé com sono. Um bebé com sono é um bebé que precisa de ir dormir, logicamente. Para dormir é preciso adormecer primeiro, e para adormecer é preciso que a respiração e o batimento cardíaco desacelere, ou seja,para adormecer é preciso que o bebé esteja calmo (nós adultos também precisamos de estar calmos para adormecer). Mas quanto mais cansado o bebé está, mais energia consome e mais cansado fica. Quanto mais cansado fica, mais descontrolado fisicamente, e o que se vê é um bebé a esbracejar que não fica quieto, chora e não adormece. Isso é apenas o bebé a “expressar” a sua dificuldade em gerir aquilo que o seu cérebro já não tem capacidade de processar devido à exaustão. Para isto pode contribuir igualmente o bebé não viver uma rotina padronizada que no momento de desgaste ainda o fará ter mais razões de não saber o que esperar. Mas mesmo que adormeça por segundos é importante perceber que o bebé também precisa, e como tal não se deve perder a calma e desistir, caso não consiga fazê-lo profundamente logo nas primeiras tentativas. Ele está todos os dias a aprender a gerir o auto-controlo necessário para adormecer e quanto mais cansado for, maior é a fasquia de dificuldade. É preciso compreender e dar oportunidade, não desistindo que durma- Ele precisa.
Se num bebé de poucos meses falamos de “esbracejar” e choro quando está cansado, num bebé mais crescido, que não tenha sido ensinado a mudar de ritmo e adormecer autonomamente e não tenha esse hábito, o descontrolo físico pode passar por não parar quieto ao ponto de levar muito tempo para adormecer (ou os pais chegarem mesmo a pensar de tudo), parecendo desorientado e sem rumo. É por isso normal que mesmo precisando desesperadamente de dormir, possa apresentar uma grande dificuldade em acalmar e adormecer. OU caso já tenha enraizado maus hábitos não consiga mesmo fazê-lo piorando a cada momento de exaustão. A luta contra o sono não é então uma vontade consciente de não adormecer por parte de um recente bebé, mas sim uma dificuldade deste em conseguir fazê-lo.
Especialmente em bebés pequenos o seu descontrolo físico (derivado do cansaço) faz com que sacudam os braços (muitas vezes chegam a bater neles mesmos o que agrava mais o choro) e as pernas. O coração, para fornecer oxigénio aos músculos, bate mais depressa e a respiração acelera. Em pouco tempo o bebé está muito agitado e se ainda não está, num minuto começa a chorar. Ele só estava muito cansado, mas de repente ficou exausto. Este bebé irá ter acrescida dificuldade em adormecer a cada momento que passa nesta exaustão.
Após sair desta espiral,isto se tiver sorte de conseguir um minuto de calma e abstração aos estímulos, o bebé adormece. Ou talvez não porque algo o pode manter acordado: Será o movimento? O som? A luz? Aquela coisa estranha brilhante a piscar? Será uma música de berço que não deixa? Ou os Pais que entretanto o distrairam com outra coisa estimulante mais associada a brincadeira, disistindo que dormisse? Neste ultimo caso, o bebé irá sair da janela de sono, porque ainda que cansados os bebés sentem-se naturalmente interessados na “actividade”. Mas o “Sol terá pouca “dura” e em pouco tempo, voltará a chorar… e poderá ser à mínima coisa, recorrentemente cada momento a mais que o seu cérebro e corpo não for descansar. Por isso um bebé que não dorme o que precisa, torna-se muito exigente e mesmo desgastante, elevando a um pradão perigosamente excessivo para a sua capacidade, de constante estimulação e distracção por parte dos pais para que não chore. Esse padrão só por si, irá dificultar a capacidade de acalmar do bebé , actuará como numa “bola de neve” de agitação que só por si, e dificultará grandemente a sua capacidade de adormecer e permanecer a dormir tranquilamente no imediato.
Após uma agitação tão grande antes de adormecer e combinando isto com ter passado muito tempo acordado após ter dado os primeiros sinais de sono,é comum que os bebés despertem pouco tempo depois de adormecerem, mesmo antes de entrarem na primeira fase do sono profundo. Não conseguindo passar da fase de sono leve, denominada de R.E.M.. Esta fase é muito rica em tónus muscular e é onde se dão espasmos no sono. Estes espasmos podem acordar o bebé, que ainda agora adormeceu, o que o fará ter toda a razão para chorar – pois está tão cansado e foi interrompido antes mesmo que conseguisse chegar ao sono mais reparador e profundo.
É normal que os pais, por desconhecimento, façam várias interpretações subjetivas desta situação. Além da que dá o nome a este artigo, podem ser: “Ele não quer dormir”, ou “Ele só quer dormir ao colo”. Esta última em especial porque depois de uma espiral de choro em que se acreditou falsamente que o bebé não queria dormir, os pais se entretanto não desistiram que adormecesse a qualquer custo, persistiram com uma técnica (às vezes desesperada) que induzisse o sono, como colo com embalo, movimento, pancadinhas, deslocá-lo no carrinho, expô-lo a sons, etc. O bebé estando ainda em sono leve, ao ser pousado, por exemplo no berço, pode acordar (porque na verdade, nesta fase pode acordar com qualquer coisa). Mesmo conseguindo entrar na fase de sono R.E.M, com o contexto anterior (de grande desassossego), esta será fase de sono será, mais “agitada” e ao ser deitado no berço poderá acordar de imediato – o que leva os pais a confirmarem a falsa desconfiança -“Ah! Ele não quer é dormir no berço, só quer colo, já tem manhas o piolho!”
Como evitar?
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