Queridos bebés prematuros, queridos papás destes bebés especiais…
Ser prematuro é ser pequeno no tamanho, mas gigante em tudo o resto!
É ser um pequeno herói e um grande guerreiro!
É descobrir uma força única e muito especial!
É conseguir pequenas conquistas que se transformam em grandes vitórias…
É ter um amor sem tamanho…
Olhar um prematuro é acreditar em milagres. E sim, existem milagres!
Hoje vestimo-nos de roxo!
Dia 17 de Novembro, assinala-se o Dia Mundial da Prematuridade.
1 em cada 10 bebés nasce prematuro, o que equivale, anualmente, a cerca de 15 milhões de bebés em todo o Mundo. Tantos bebés, tantas vidas!
O nascimento de um bebé é sempre um momento muito aguardado. As expetativas que se depositam neste dia são sempre muitas e, ninguém se prepara para um nascimento antes do termo (37 semanas).
Um prematuro carateriza-se por: nascer antes do tempo, pelo tamanho e pelo baixo peso. Os bebés prematuros parecem-nos (ainda mais) frágeis e vulneráveis. Quanto maior a prematuridade, maior a imaturidade e, deste modo, maior a probabilidade de existirem complicações associadas, por serem muito mais vulneráveis. São bebés que revelam dificuldades em maior ou menor gau, em funções básicas, tais como, regulação da temperatura corporal, a respiração e a alimentação. Destes três fatores principais, o que poderá definir ou ter mais implicações na probabilidade de o bebé prematuro sobreviver é a idade gestacional, visto que é esta que determina o desenvolvimento dos órgãos e dos sistemas do bebé.
Os desafios inerentes à prematuridade são inúmeros para os bebés, mas, igualmente, para as suas famílias. Os riscos e consequências da prematuridade são diversos, mas também, é verdade que muitos destes bebés evoluem favoravelmente e sem grandes sequelas que interfiram gravemente nas suas competências, crescimento e desenvolvimento.
São dias muito intensos, são internamentos prolongados, algumas vezes não de dias ou semanas mas de meses, progressos e retrocessos, muitas vezes com um prognóstico nem sempre previsível… “Hoje está estável”, “Está a aumentar de peso mas ainda precisa de oxigénio”, “Apresentou um episódio de dessaturação e teve que ser novamente ventilado”, “Teve um episódio de bradicardia e necessitou de ser estimulado”, “Já ingeriu o leitinho todo e não vomitou” … Bem, constantemente, um passo para a frente e logo a seguir um passo para trás. São pequenas alegrias e, de repente, uma preocupação mais surge porque algo acontece. E é isto todos os dias!
É ser separado dos pais logo após o parto, é ser sujeito a inúmeros procedimentos e manipulações, é ter visitas em horários específicos, é a mãe ter alta e deixar o bebé aos cuidados de uma equipa de Profissionais de Saúde diferenciada e multidisciplinar, é viver diariamente em sobressalto, com medos, receios, ansiedade, inseguranças… É ter que continuar a viver sempre na incerteza do que poderá acontecer, de como poderá ficar o bebé e de como será o futuro da família.
É correr de manhã para o Hospital, passar lá o dia, ir embora e regressar a casa de colo vazio, contar as horas para voltar na manhã seguinte sempre com um “nó na garganta”. A vida suspensa e presa aquela vida tão frágil, que é tudo. É o mundo de alguém!
Ninguém se prepara para viver tudo isto! Tantas dúvidas, tantas incertezas e tanta dor!
É ser mãe e pai antes do tempo, de um bebé frágil e intocável; é estar preso a alarmes, monitores, máquinas, fios,… mas também, a pequenos gestos e sorrisos que fazem acreditar que há esperança. É viver a parentalidade do lado de fora de uma incubadora!
O bebé idealizado, o bebé “perfeito”, aquele que é pequenino, gordinho, robusto e saudável, não é o prematuro que conhecem.
Os pais de bebés prematuros também foram pais prematuramente.
Também eles precisam de muito colo. Tudo ocorre antes da hora, de surpresa, alterando toda a dinâmica familiar. Nem sempre é fácil lidar com estas situações stressantes e desgastantes e encontrar uma forma positiva de abraçar um desafio tão grande, com uma carga emocional tão pesada.
O casal lida com a situação e expressa sentimentos de forma diferente. As angústias com que se confrontam diariamente, coloca-os à prova. O filho imaginado não é o real, a maternidade real não corresponde à idealizada. Sonhos, projetos e planos ficam suspensos, são adiados e não se concretizam!
Papás, sintam-se abraçados pelos Profissionais de Saúde com quem se vão cruzar e que vão cuidar do vosso bebé. Acreditem que farão sempre o melhor!
A Neonatologia será casa durante este período e os vossos guerreiros estarão bem entregues e a lutar pela vida! Lembrem-se que é importante para a equipa conhecer os sentimentos e preocupações parentais, peçam ajuda, não se sintam sozinhos, o momento que vivem é muito stressante daí ser necessário que estejam acompanhados, sejam confortados, esclarecidos e envolvidos nos cuidados que vão prestar aos vossos bebés. A participação dos pais nos cuidados ao bebé, ajudará a desenvolver competências parentais, que contribuirão para o sucesso de todo o processo. Os pais poderão participar diretamente nos cuidados de higiene, na alimentação, na mudança de fraldas…
As explicações e informações fornecidas pelos Profissionais de Saúde, ajudarão a compreender as decisões tomadas, bem como os aspetos técnicos envolvidos nos cuidados a prestar.
Nem sempre será possível dar colo ao bebé, mas poderão tocar os bebés, é importante que sintam o “calor” da vossa presença. Quando for possível dar colo, aproveitem o momento e sairão de coração cheio e bem mais aconchegado.
Aproveitem cada instante ao lado destes pequenos seres que nos mostram a cada segundo que a vida vale a pena e que somos bem mais fortes do que alguma vez imaginamos.
Há finais felizes destes pequenos guerreiros.
A todos vocês um abraço apertado neste dia especial. ❤️ Em particular, a todos aqueles que passaram por tudo isto e o final não foi feliz. Nem todos o foram nem são, mas acredito que têm uma história bonita para contar! As memórias serão eternas…
Autor: Enfermeira Ana Rita Cruz | Instagram: A Enfermeira da Mamã