Desenvolvimento cognitivo do bebé

Os principais estimuladores da aprendizagem do bebé acabam por ser os pais, que mais do que ensinar regras concretas e objectivos restritos, deverão procurar tornar a nova realidade atractiva, proporcionando-lhe experiências originais, fornecendo-lhe explicações, sem nunca esquecer de o elogiar e encorajar, pois será com o seu apoio que o bebé irá obter auto confiança. Enquanto educadores, os pais deverão potenciar as forças e qualidades do filho e minimizar defeitos e fraquezas, de modo a que ele desenvolva ao máximo as suas potencialidades.

Saliente-se que o papel é de guia, alguém que irá apresentar ao bebé várias hipóteses e novidades, mas que no final deixará que seja ele a decidir o que considera mais interessante. O objectivo é ajudar quando ele precisa. Não se deverá forçar o bebé a aprender o que algumas ideias pré-concebidas consideram que ele deve aprender. É preciso responder às necessidades do bebé e não ao contrário.

Nesse sentido, convém ter noção de que o ritmo de aprendizagem não é contínuo, processando-se por saltos e recuos. Assim, o bebé irá ter momentos em que irá demonstrar novas ideias e capacidades, mas até que as consiga consolidar e passar para o passo seguinte, poderá parecer que abranda ou até mesmo que se esquece de aquisições anteriores. Tudo isto é normal, e o papel dos pais é tornar as coisas mais interessantes na altura dos avanços. Ele estará pronto a aprender e absorver informação a um ritmo muito acelerado.

O bebé aprende a comunicar

O bebé deve ser desde logo estimulado para a comunicação, pelo que os pais devem falar com ele, trocar mimos e proporcionar o contacto visual olhando muito para ele e deixando que ele observe os seus rostos.

Os bebés percebem cedo que para sobreviver têm de comunicar e, antes da palavra, fazem-no através de outras manifestações. Primeiro, comunicam através do choro, depois aprendem a conversar através do sorriso e mais tarde a expressar-se com movimentos da cabeça, como quando dizem «não», ou quando apontam para um objecto.

Para ajudar o bebé nesta aprendizagem é essencial comunicar com ele. Quando ele quer um objecto, por exemplo, é preciso devolver-lho, dizendo o nome do objecto e explicando-lhe que estamos a compreender o que ele está a pedir.

Entretanto, a partir dos 7 ou 8 meses, o bebé aprende a imitar e também que a repetição pode ser muito útil para memorizar. Com efeito, os bebés já nascem com alguma memória rudimentar, embora a memória enquanto capacidade para armazenar informação só irá ser desenvolvida nos meses seguintes e até aos 2 anos, fortalecendo- se com a linguagem.

O bebé aprende a falar

A fala representa uma importante fase de aprendizagem, pois a partir da mesma, o bebé não precisará mais de chorar ou gesticular para ser entendido.

No entanto, mesmo antes de falarem ou de saberem o significado das palavras, os bebés já percebem alguns elementos de linguagem, como alterações de som, os ritmos e entoações das falas. Desde o nascimento, por exemplo, que as crianças respondem melhor ao estímulo da fala do que a qualquer outro ruído. Muitos bebés até distinguem uma língua da outra. Por exemplo, um bebé português reage muito melhor quando lhe falam em português, do que em chinês.

Evolução

O bebé começa desde logo a produzir sons, quando procura afecto, comida e conforto ou quando sente prazer ou satisfação. Por volta das 6 semanas aumenta a sua intensidade, mas só aos 3 ou 4 meses é que será capaz de emitir sons baixos e modulados, semelhantes aos de sílabas isoladas, de tónica aberta. As primeiras consoantes que ele utiliza são o p, o b e o m.

Dos 7 aos 9 meses já é capaz de soletrar palavras de duas sílabas, repetindo a sílaba inicial: mamã, da-dá, etc. Depois, começará a utilizar expressões como ai ou ui e mais tarde será capaz de gritar para chamar a atenção.

Aos 9 meses tem já um discurso mais elaborado, juntando sílabas e pronunciando-as mais nitidamente.

Entre os 10 e os 11 meses, começa a dizer as primeiras palavras mais definidas, certamente de coisas, pessoas ou animais que lhe são mais importantes.

Ao completar um ano, a criança começa a relacionar as palavras com os significados e a nomear coisas. Mesmo as que não falam, podem fazer gestos para mostrar que sabem o que é o nariz, os olhos, etc. Por volta dos 18 meses, as capacidades linguísticas da criança desenvolvem-se bastante.

Quando há atrasos

As crianças não atingem estas fases exactamente na mesma altura, podendo variar um ano ou mais. De qualquer forma, se aos 2 anos ou 2 anos e meio a criança ainda não falar, será melhor consultar um médico, pois poderá ter algum problema de audição ou até mesmo da fala, que poderá ter solução se for tratado a tempo.

A Inteligência

A inteligência deverá ser entendida não apenas como uma capacidade de abstracção e raciocínio, mas também como a capacidade que o ser humano tem para modificar o ambiente em que vive, em função dos seus desejos e necessidades.

Do mesmo modo, para se testar a inteligência numa criança não bastará a aplicação de testes de linguística, lógica e matemática, mas também a observação da forma como ela conhece o mundo e resolve os problemas.

Genes e educação

Cada criança possui um código genético herdado dos progenitores que inclui factores únicos e determinantes, que lhe conferem capacidades, habilidades e limitações específicas. No entanto, o facto é que as crianças não estão isoladas e as relações com o ambiente familiar e social irão definir a sua capacidade de aprender, de integrar-se e de mudar a sua realidade. Por outras palavras, irão definir a sua inteligência.

A singularidade de cada criança

Cada criança tem as suas próprias competências intelectuais e cognitivas. Por isso, os pais terão de ter a noção, não só do que a criança gosta de fazer, como do que é capaz de fazer. Por outro lado, mais do que medir resultados de aprendizagem deve-se avaliar o modo como a criança aprende e aplica esses conhecimentos para resolver problemas. Por isso, não se deverá medir a inteligência por nenhuma média fria e impessoal.

Nem sempre as crianças inteligentes são excelentes na linguagem ou na matemática. A inteligência pode reflectir-se noutras áreas, como a criatividade ou capacidade artística, por exemplo.

O papel dos pais

Cada fase do desenvolvimento intelectual corresponde a determinados períodos de vida. Por isso, não se deve solicitar nada à criança, nem tão pouco criar expectativas, que não correspondam ao estádio específico do desenvolvimento em que se encontram. A tarefa dos pais não é forçar, mas sim ajudar a criança a desenvolver as suas potencialidades e talentos.

Do mesmo modo, será importante ter em conta de que nada pode prever a evolução da inteligência, pois podem ocorrer modificações inesperadas, sejam elas positivas ou negativas. O importante é ser optimista em relação à mudança e estimular o desenvolvimento.

Atrasos e crianças sobredotadas

É mais fácil detectar uma criança com deficiências mentais do que uma criança sobredotada.

Geralmente, e durante os 3 primeiros anos, as primeiras têm dificuldades de concentração e revelam pouco interesse pelo que se passa ao seu redor. Revelam também atrasos no desenvolvimento motor e dificuldade em largar os seus reflexos primitivos.

Já uma criança sobredotada poderá ser identificada através do valor do seu quociente intelectual, que se calcula mediante testes de inteligência. Este tem de ser superior a 130, tendo em conta que o QI médio é 100 e que até 120 se encontra dentro dos padrões normais. As crianças que ultrapassam os 160 são consideradas génios. De qualquer forma, actualmente, a maioria dos especialistas prefere ter em consideração outros elementos, como grande capacidade de trabalho, elevado grau de criatividade e altas capacidades ou talentos específicos para diversas áreas, que tanto podem incluir a música como as matemáticas.

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