O nascimento de uma criança deveria ser um dos momentos mágicos na vida de uma mulher, contudo algumas mulheres deparam-se com a tristeza, a depressão e o cansaço permanente do pós-parto. E isto leva à perda gradativa da paciência e da calma, começando a jovem mãe a desenvolver emoções negativas em relação ao seu bebé.
Embora possa ser apenas o resultado de um breve período de ajuste a uma nova rotina, alguns números apontam que 20 a 35% das mulheres sofram de depressão pós-parto. Para além da adaptação a uma nova dinâmica, poderão existir outras razões para esse número ser tão elevado, entre elas um conflito subconsciente entre os diferentes estados de Ego da nova mãe.
Gordon Emmerson, autor do livro “Ego State Therapy” refere que temos dentro de nós várias subpersonalidades, o que chamamos de estados de Ego. E cada uma dessas subpersonalidades possui um conjunto de recursos que é ativado conforme o contexto envolvente.
Vejamos o exemplo da Maria que é professora primária. Existe uma “Maria professora”, uma “Maria colega”, uma “Maria Filha”, uma “Maria bailarina de Zumba”. Na sala de aulas a “Maria professora” é ativada. Como é competente, ela é confiante e segura do que diz. Mas imaginem que a Maria que vai à aula de Zumba é desajeitada. Quem a conhecer nesse contexto pode ficar com a ideia que ela é tímida e insegura. Embora seja a mesma pessoa, ela é segura e insegura dependendo do contexto envolvente. De alguma forma podemos dizer que são duas “pessoas” diferentes.
Simplificando um pouco as coisas, as mães de primeira viagem irão criar, assim que engravidam, a subpersonalidade mãe, com base na sua experiência de vida. E isso pode levar a alguns conflitos internos. Uma “Maria” que tenha uma imagem negativa da sua própria mãe pode ficar num dilema porque agora ela também será mãe. E ela verá esse lado negativo nela própria. Isso poderá originar um estado depressivo.
Pode também acontecer que ela não consegue visualizar como será a sua vida agora que é mãe.
Quando não conseguimos visualizar o futuro, isso é equivalente a vazio. E vazio para o nosso cérebro é Dor. É essa Dor por não conseguir controlar o futuro que chamamos Ansiedade.
Obviamente todos nós somos diferentes. Incluindo os nossos bebés. E existe a desvantagem de eles não trazerem um manual de instruções com eles na altura do nascimento.
Mas existem alguns princípios que podes seguir que irão facilitar as primeiras semanas deste novo ciclo.
Para poderes lidar melhor com essa fase nova de construção da subpersonalidade Mãe, podes usar algumas destas dicas, sendo que a palavra de ordem nesta fase será descanso:
– Dá espaço a ti própria: evita receber visitas ou sair para socializar no primeiro mês após parto. Esta é uma fase de novas rotinas, estás a conhecer o bebé e a perceber um conjunto de dinâmicas novas na tua família, não só com o bebé mas também entre o casal. E estás a aprender a ser Mãe – de preferência longe de críticas que possam afetar negativamente essa tua subpersonalidade.
– Permite-te errar: os bebés estão preparados para pais desajeitados. Ser boa mãe não é só uma questão de instinto, mas sim de prática. Aquela tia chata, a sogra ou a nossa própria mãe por vezes sentem vontade de mostrar que sabem imenso sobre maternidade, e muitas vezes prejudicam mais do que ajudam pois passam a ideia à jovem mãe que ela não tem jeito ou habilidade para lidar com o bebé. Elas sabem muito porque já passaram pela experiência, será uma questão de semanas para que também fiques confortável no teu papel. Tu és suficientemente boa para desempenhar essa personagem, confia em ti!
– Procura colocar uma mantinha entre ti e o bebé quando ele esta ao colo ou a mamar: O bebé vai associar o toque da manta a conforto. Em PNL chamamos a isto ancoragem. Esta âncora será forte pois, para além de sensorial, ela também terá associada o teu cheiro. Assim poderás deitar o teu bebé com a manta e ele ficará confortável a dormir.
– Cria uma rotina rígida de sono: se habituas o bebé a adormecer diariamente às 20H30 todos ficam a ganhar. O bebé gosta de estrutura, traz conforto para ele saber como será o seu dia. E a mamã ganha uma nova vida, com umas 3 horas onde pode ler um livro, beber um chá ou assistir a um filme. E namorar, a tua saúde emocional precisa também de carinho e, se a mamã está saudável o bebé também ira sentir benefícios.
– Se puderes utiliza uma bomba para retirar leite, de preferência elétrica. O sono é fundamental numa fase exigente a nível físico. Dormimos em ciclos de 90 minutos, onde entramos em estado R.E.M.. Estes ciclos são essenciais para poderes fazer um “reset” ao que aconteceu no dia anterior. Processas informação, aprendes e libertas tensão e stress quando dormes.
Se usares a bomba e colocares o leite no frigorífico ou congelador, podes combinar com o pai da criança e ser ele a dar de mamar ao bebé num dos turnos da noite. Normalmente eles mamam de 3 em 3 horas, nesse caso terias uma janela de 6 horas para dormir e assim recuperares física e emocionalmente.
Existem muitas mais dicas para que possas vivenciar esta nova fase de uma forma mais natural e confortável. Desvaloriza as críticas e abre a tua mente a todas as informações que possam acrescentar algo útil à tua rotina com o bebé. E acima de tudo não tenhas vergonha ou medo de pedir ajuda.
Para além da família e de amigos mais próximos, existe um grande leque de profissionais que te podem ajudar a crescer, não só como mãe, mas também como mulher. Desde psicólogos, consultores em parentalidade consciente, coaches e outros, muitas vezes a escolha irá depender da tua necessidade no momento e das tuas preferências pessoais. Caso prefiras hipnose e PNL, estarei por cá para te ajudar com as tuas dúvidas.
Um grande abraço
FONTE: Miguel Oliveira – Desenvolvimento Pessoal | migueloliveira.pt