Investigadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, estudaram a posição de mulheres grávidas durante o sono, usando uma câmara de vídeo de infravermelhos para registar o processo. Também registaram a frequência cardíaca quer da mãe quer do feto durante a noite, através de electrocardiograma. E concluíram que a posição que a mulher adopta durante o sono no fim da sua gravidez está relacionada com um aumento ou não do risco de óbito do feto durante a gestação (depois das 28 semanas).
“A posição que a mãe adopta na hora de dormir afecta significativamente a frequência cardíaca fetal e a variabilidade da frequência cardíaca, assim como os padrões circadianos da frequência cardíaca fetal”, defende o estudo publicado na revista científica The Journal of Physiology. A actividade fetal é, por isso, uma das medidas do bem-estar do bebé.
Quando a mãe dormiu de barriga para cima, o feto mostrou-se pouco activo. Quando a mãe dormiu ligeiramente inclinada para a esquerda ou para a direita, os fetos apresentaram um estado mais activo. Quando a mãe mudou de posição durante o sono, por exemplo da posição lateral esquerda para dormir de barriga para cima, o bebé rapidamente mudou de estado de actividade e ficou sossegado ou imóvel.
“Comparado com o estado de sono activo, o de actividade activa alta ocorreu quase exclusivamente quando a mãe estava numa posição lateral esquerda ou direita”, refere o estudo, que também afirma que dormir de barriga para cima pode resultar em “stress hipóxico para o feto”, ou seja, falta de concentração de oxigénio no sangue ou nos tecidos.
Dormir de barriga para cima durante o período final de gestação provoca, por causa do peso do útero grávido, a compressão da veia cava inferior, a principal veia que transporta o sangue venoso (pobre em oxigénio e rico em dióxido de carbono) do abdómen e dos membros inferiores para o coração. Desta forma, ocorre uma diminuição do débito cardíaco, volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto, bem como da perfusão útero e da placentária, fluxo de sangue entre a mãe e o feto, o que pode prejudicar a saúde de ambos.
A investigação envolveu 29 mulheres grávidas no final do terceiro trimestre de gestação (entre as 36 e as 38 semanas), e todas eram saudáveis, assim como os seus bebés. De momento, os investigadores estão a estudar gravidezes em que o feto não está a desenvolver-se correctamente ou em que a mãe afirmou sentir uma diminuição de actividade fetal, uma vez que ambas as situações têm sido associadas a um aumento do risco de nascimento de um nado-morto.
“Numa situação em que o bebé possa não ser saudável, como aqueles que não crescem o suficiente, o bebé pode não tolerar as consequências da mãe dormir de barriga para cima”, afirmou Peter Stone, um dos investigadores principais, citado num comunicado de imprensa da Sociedade de Fisiologia, no Reino Unido.
“Estamos a sugerir que agora há provas suficientes para recomendarmos que as mães evitem dormir de barriga para cima no fim da gestação, não só por causa dos dados epidemiológicos, mas também porque demonstrámos que há um efeito claro no bebé.”
Fonte: Público