O comportamento do recém nascido-O comportamento social e afectivo

A primeira relação afectiva que um bebé desenvolve é o vínculo mãe-filho e de seguida com o pai, criando laços afectivos que irão influenciar e determinar o seu desenvolvimento social e emocional nesta tríade familiar. Quanto mais satisfatória for essa relação, maiores serão as repercussões positivas.

O bebé começa a comunicar com a mãe pouco depois de nascer, através de ligeiros acenos com a cabeça, sacudidelas do corpo e movimentos com a boca e a língua, percebendo que ao fazê-los a mãe responde activamente. No entanto, é por volta dos dois ou três meses que ele revela um comportamento social propriamente dito.

Por um lado, reage positivamente à presença das pessoas que interagem com ele, sorrindo, agitando os braços e pernas. Consequentemente, chora quando é deixado sozinho e acalma-se com a presença de um adulto que o acompanha. Também já consegue reconhecer a mãe e outras pessoas que lhe são próximas, pelo que revela comportamentos diferentes perante pessoas estranhas.

Quando o bebé é socialmente activo
Por volta dos 4 ou 5 meses, o bebé torna-se ainda mais socialmente activo: já levanta os braços para que lhe peguem ao colo, segue com os olhos as pessoas que se afastam dele, e demonstra reacção perante a presença de uma pessoa conhecida, mesmo que ela não interaja com ele.

De qualquer forma, os pais continuam a ser os pais, e o bebé irá reclamar sempre que for forçado a separar-se deles.

O recuo perante estranhos
Por volta dos 6 meses (e até aos 8), o bebé começa a ter uma reacção de recuo perante estranhos. Apesar de poder ser um desconsolo para os pais, esta é uma reacção desejável, pois faz parte do bom desenvolvimento da criança e aos poucos acabará por se ir atenuando. Além disso, os pais podem sentir-se compensados, pois aos 8 meses, o bebé aprende a dizer “adeus” ou “olá” com um gesto da mão e entrega o que tiver na mão a quem lho pedir.

Entretanto, o recuo perante estranhos e a exigência de atenção por parte dos pais irá fazer com que o bebé reaja mal às ausências dos mesmos, sejam elas curtas ou não. Isso será particularmente mais difícil quando o bebé tiver de ir para um infantário. No entanto, com o tempo, ele acabará por deixar de sofrer com a separação e aceitá-la como uma parte integrante da sua vida. É então que ele irá criar o seu sentido de independência e individualidade em relação aos pais, percebendo que não depende absolutamente deles e que até pode contrariá-los. É nesta altura que a criança começa a dizer “não”.

Não!
Geralmente, o bebé aprende rapidamente o significado do “não”, percebendo que quando os pais lhe dirigem esta palavra com um determinado tom de voz é sinal de que não pode fazer alguma coisa. Quando é ele a dizer o “não”, tomando atitudes de negação e contradição em relação aos pais, está a afirmar a sua autonomia e personalidade. Esta afirmação acontece por volta dos 12 meses, e estende-se até aos 3 anos de idade, sendo particularmente expressiva a partir dos 2 anos. A criança começa, então, a moldar o seu temperamento e perceber que é um indivíduo distinto. De aí em diante, irá cada vez mais tomar as suas próprias decisões. Mesmo se até então foi uma criança tranquila, poderá querer manifestar e reafirmar a sua vontade.

Atenção pais: vem aí a birra!
Para a criança, a birra tem dois objectivos: chamar a atenção e conseguir uma compensação. Embora o expoente alto das birras seja por volta dos 2 anos de idade, as crianças mais pequenas também esperneiam, berram e dão pontapés, deitam-se no chão e atiram com coisas. O que fazer?

Primeira regra: não ceder. Os pais que acabam sempre por ceder às exigências dos filhos vão sofrer muito com as birras, pois as crianças percebem que tendo aquela atitude conseguem o que querem. Assim, é preciso ser firme desde as primeiras vezes, contrariar a criança mantendo a calma e explicando-lhe que só conseguirá aquilo que quer se tiver outro comportamento.

Depois, o melhor é distrair a atenção da criança para qualquer outro interesse e tirá-la do local da birra.

Se a criança insistir em continuar com birras, a solução é mostrar indiferença. Uma birra é sempre uma provocação, e se ninguém ligar, a criança acaba por desistir.

Para evitar que as birras aconteçam, os pais podem ter alguns cuidados. Primeiro, evitar fazer alguma actividade quando as crianças estão cansadas ou com sono. Por seu turno, tentar antever o seu comportamento: se sabem que ao passar na padaria ela vai querer pão, desviam caminho ou distraem-na enquanto por ali passam.

Suportes afectivos
Desde cedo que as crianças adoptam determinados comportamentos que revelam alguma autonomia. Um deles é a capacidade que a criança tem de arranjar consolos para quando se sente cansada ou triste, como usar a chupeta, chuchar no dedo ou afeiçoar-se a um objecto, como uma fralda ou um peluche. Estas atitudes, típicas do primeiro ano de vida, vão ser mantidas e possivelmente até aumentadas até aos 2 anos. Não são nenhuma anormalidade e até constituem um suporte afectivo importante, pois permitem ao bebé a possibilidade de conforto na falta dele.

O comportamento com as outras crianças
Com cerca de um ano de idade, a criança ainda não consegue desligar-se das suas coisas e ser–lhe-á difícil compartilhar. Eventualmente até poderá oferecer um brinquedo, mas se lho tentarem tirar, chora. Nesta fase, a tendência é para que as crianças brinquem separadamente, ou seja, apesar de estarem juntas não interagem muito entre si. Pelo contrário, isolam-se. É a chamada fase da brincadeira individual.

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