Quando a grávida chega à maternidade é submetida a uma série de exames, para se determinar a fase do trabalho de parto em que se encontra.
Mediante a observação dos sintomas, ser-lhe-á realizado um exame obstétrico – palpação vaginal (toque) – que permite verificar o comprimento
do colo do útero e o seu grau de dilatação. Se a grávida tiver pelo menos com 3 cm de dilatação e com contracções regulares, entrou na fase activa
do parto, sendo admitida para internamento.
É então levada para uma sala de dilatação, onde será monitorizada através de um monitor fetal, que avaliará o bem-estar do bebé, através do registo
dos seus batimentos cardíacos, e controlará a periodicidade das contracções.O colo do útero vai então dilatando lentamente, à medida que as contracções vão aumentando.
Antes ainda de entrar na segunda etapa do trabalho de parto, isto é, o nascimento do bebé, a grávida pode passar por uma fase de transição.
Nesta fase podem ocorrer duas situações: ou a mulher tem já a dilatação completa e não tem a vontade de fazer força; ou não tem ainda a dilatação
necessária para a expulsão mas sente já vontade fazer força. Neste último caso, a grávida terá de aguentar, pois se fizer força com 8 ou 9
cm de dilatação, o colo do útero transformar-se-á num anel espesso e inchado em volta do cocuruto da cabeça do bebé.
A epidural
A técnica da analgesia epidural pode ser realizada quando a parturiente sente dores. Nessa altura, se a paciente quiser ou se o médico
achar conveniente, poderá aplicar-se a analgesia epidural, uma técnica analgésica que elimina as dores do parto sem afectar a mobilidade e
consciência da grávida. Com efeito, o objectivo não é a ausência total de sensação, só o desaparecimento da sensibilidade dolorosa. Assim, a
epidural não impede a mulher de participar e sentir toda a experiência do parto. Este acaba por ser mais tranquilo, beneficiando o feto, nomeadamente
no que diz respeito à passagem de oxigénio da mãe para o filho.
A analgesia, após realizada, começa a actuar progressivamente entre 10 a 20 minutos. Por isso, se a dilatação começar a avançar rapidamente,
pode não haver tempo para administrá-la. Depois de aplicada, a mulher tem de permanecer deitada.
Entretanto, sendo uma técnica invasiva, a epidural também tem riscos, embora raramente haja problemas.
SEGUNDA ETAPA DO PARTO
Durante a segunda etapa do parto, ou período expulsivo, as contracções uterinas irão forçar o bebé a percorrer o canal do parto até ao nascimento.
O despoletar de uma vontade de fazer força poderá ser o sinal de partida para a segunda fase.
As contracções são agora mais fortes e frequentes, ocorrendo a intervalos de 2-4 minutos e durando cerca de 60-90 segundos. Nesta fase, as
contracções passam para o centro da barriga, acompanhadas do endurecimento e do alongamento dos músculos uterinos.
Assim que se confi rmar que a dilatação está completa, a grávida deverá começar a fazer força no pico de cada contracção, em sentido
descendente, e descansar nos intervalos.
No caso de ter sido administrada a epidural, e porque a mulher não sente a dor das contracções, o importante é manter a respiração e concentrar-
se no esforço, pois ser-lhe-á indicado o momento em que deverá fazer força.
Tratando-se do primeiro parto, a segunda fase pode durar 2 a 3 horas, embora a duração média seja de uma hora. No segundo parto e nos partos
subsequentes, geralmente dura entre 15 a 20 minutos, embora possa ser ainda muito mais rápida.
DESCIDA
A cada contracção, a cabeça do bebé aparece cada vez mais na abertura vaginal e deixa de escorregar para o interior da vagina nos intervalos. Na altura
em que a cabeça do bebé está prestes a sair, é natural que a mulher sinta uma sensação de queimadura ou ardor, pois a vagina é esticada ao limite. Neste
momento, é importante que pare de fazer força, deixando que as contracções uterinas expulsem naturalmente o bebé, sob risco de fazer um rasgão
na vagina e nos tecidos do períneo. É também por esta altura que a enfermeira especialista em saúde materna e obstétrica irá decidir se fará uma episotomia, isto é, um corte na zona vulgo-vaginal. O objectivo é aumentar ou dilatar o canal de parto, para prevenir exactamente a ocorrência de lesões.
Depois da episiotomia, a saída da cabecinha do bebé produz-se de forma quase imediata.
EXPULSÃO
Quando a cabeça do bebé sair, o profissional de saúde irá segurá-la e retirar restos de muco e de sangue do nariz, da boca e dos olhos.
De seguida irá sair o restante corpo do bebé.
Para descanso das mamãs, é bom salientar que nem todos os bebés nascem a chorar. Com efeito, em alguns casos os bebés demoram entre vinte
segundos a um minuto. Neste caso, e antes da primeira inspiração, ser-lhe-ão aspiradas as mucosidades e restos de líquido amniótico que possam
estar a obstruir o nariz e as vias respiratórias superiores.
Quando o bebé estiver cá fora, esperam-se aproximadamente 30 segundos para se colocarem duas molas ou a pinça de Kocher no cordão umbilical. Segundos depois procede-se ao corte.
Este tempo de espera é útil pois irá permitir que uma quantidade significativa de sangue escoe
da placenta para o bebé, para prevenir uma eventual anemia.
Se por opção do casal, decidirem efectuar a recolha das células estaminais do cordão umbilical, é neste momento que o profissional de saúde
procederá à recolha do sangue, sem provocar qualquer dor à mãe ou ao bebé.
TERCEIRA ETAPA DO PARTO
Com a expulsão da placenta e das membranas, dá-se a terceira fase do parto. Mas os futuros pais estão tão absorvidos com o bebé que nem reparam em mais nada.
A terceira e última etapa do parto corresponde à expulsão da placenta. Nesta fase o útero continua a ter contracções, embora já sem dor, para ajudar a placenta a desprender-se, o que irá acontecer logo após o nascimento ou até 30 ou 40 minutos depois. A placenta é expelida pela vagina (dequitadura), seguida pelas membranas e pelo que se designa de coágulo retroplacentário.
Se passados os 40 minutos, a placenta não tiver sido expulsa, o médico terá de a desprender e retirar, antes que o colo uterino comece a fechar.
Uma vez retirada, é preciso garantir que não fiquem resíduos dentro do útero. Nesse caso, será preciso fazer uma curetagem para retirá-los.
De seguida, a mamã terá de tomar medicamentos apropriados para ajudar a que o útero se contraia.
É possível que antes ou após a expulsão da placenta
a mãe tenha reacções estranhas, despoletadas pelo enorme esforço que acabou de fazer.
Poderá dar por si a tremer incontrolavelmente, como se de repente tivesse um frio extremo, ou sentir enjoos intensos. São reacções normais que cessam passado algum tempo.